Fruto preso à lupa

Na morte entorpecida a um canto da caixa
deixo um dos braços e mudo de chão.
(O vértice do mundo silencioso, agora.)

Detenho-me em auscultações, preparo rotas
premedito à lupa do peito muito atado.
Acorda o sossego um clarinete à revelia

vagas volúveis desembaraçam notas:
desvendam-me o fruto preso em nós náuticos.
(A maresia do mundo inodora, já.)

Retorno à intersecção de dois planos rugosos
desataviados e vivos na seiva muda do chão.

2 comentários:

Unknown disse...

Elias Canetti diz que o mundo de hoje elimina tudo que é acessório, o que é múltiplo e o que não se oferece para conquistar os vértices.
Eis que surge você e usa o poder transformador da poesia, para encontrar a boa batalha. A de viver várias vidas.

Ana Jerónimo disse...

Olá, Djabal

A palavra-chave talvez seja mesmo "procura", muito mais do que as palavras "descoberta" ou "encontrar". A coisa boa da batalha talvez seja o seu poder transformador.

Obrigada pelas palavras que me deixa e por ter lido.
Um abraço