Usar o dicionário ou exercer as funções de procurador

Uma palavra branca entra
no quarto como fenómeno.
O homem – estranheza quase
de pantufas, quase de jornal
sobre a mesa comida e lavada
de dentes – pondera o caso
interpela a palavra
e da palavra: mudez.

O homem deita-se, a palavra
segue-o, o homem – repente
quase de revólver, quase de má
notícia sobre a mesa comida
e lavada de dentes – morde
a branca, que permanece branca
ante o homem, que não dorme, vigia
como vigia o jornal, como vigia
as pantufas, como vigia os caninos.

A palavra não nega mordedura
a palavra não nega conforto
a palavra não nega acontecimento
a palavra usa da cor para complicar















a procura.

ou como se sabe (verbo na primeira pessoa do singular) pouco das palavras e se quer e (oh deuses) se procura ficar mais próximo do fenómeno que elas são, fazendo meros exercícios com elas, recorrendo ao vocábulo «ou» frequentemente (oh deuses-parte II: o medo do comprometimento) e usando o mínimo de pontos finais (as palavras na beira de qualquer coisa como acto contínuo)

Sem comentários: